segunda-feira, 26 de agosto de 2013


 Casa de penhores


Quanto vale um sorriso?
     - eu me pergunto!
E a resposta me dói, me dilacera,
     quando a verdade, cada vez mais rara,
ri do que creio
     zomba do que sinto
e lança a dura realidade
     em minha cara.
Já não se encontra o abraço mais sincero,
     nem  um botão de luz
que florescesse
     num solo germinado
de carinhos...
Hoje, a ternura é máscara
     que emerge
nesta babel de sentimentos
     sem sentires
nesse comércio desvairado
     de interesses...
- me agrade,  e eu retribuo
     com sorrisos...
- me sirva,  e  empenharei
     minha amizade!
Este é o retrato cruel e doloroso
     da vida, hoje, neste plano
em que vivemos,
     distanciados do que existe
de mais puro
     da humanidade mesmo
que esquecemos...
     Não sei mais quanto custa
uma ternura,
     um ouvido amigo
pra escutar um sonho...
     não sei o preço, afinal,
do amor sincero
     que não se possa comprar,
por puro amor...
     Tenho empenhados por valores vis
carinho, afetos, grandes amizades
     ditas eternas no momento aqui
mas que se perdem
     como grãos de areia
nos “infinitos” que se acabam
     logo ali...
Interesses travestidos de ternuras
     desfilam vis nos palcos da existência...
E a fraude é tanta que
     já nem se sabe
onde ficou perdida a nossa
     essência...
E eu me pergunto sempre -
     em devaneio -
- onde é que vai parar
     tal desatino?
Esse cambalear sem fim
     num mundo a esmo
pelos vazios dessa
     desumanidade
pelos desvãos dos mais rasteiros
     sentimentos???
Quando é que o homem
     vai redescobrir-se
     humano?
Quando é que vai se defrontar
     consigo mesmo?

                            (Linda Brandão Dias)

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